No último domingo, dia
19-01-2014, na Praça da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, localizada no bairro
do Cohatrac, São Luís - MA, a Assembleia Popular do Maranhão (APMA) e o
Movimento Sebo no Chão convidaram o Prof. Wagner Cabral, do Departamento de História da UFMA, para ministrar uma aula
pública sobre “Oligarquia Sarney e Intervenção Federal”. Agora, o resultado
está aí! Vejam, reflitam e compartilhem!
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
sábado, 18 de janeiro de 2014
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
NOTA DA ASSEMBLEIA POPULAR DE SÃO LUÍS SOBRE A HISTÓRICA CRISE DO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DE PEDRINHAS
NOTA
DA ASSEMBLEIA POPULAR DE SÃO LUÍS SOBRE A HISTÓRICA CRISE DO
COMPLEXO PENITENCIÁRIO DE PEDRINHAS
Maranhenses
e brasileiros vem acompanhando a crise do sistema carcerário do
estado do Maranhão. A população anda amedrontada com o poder que
as organizações criminosas demonstraram possuir, bem como
indignadas com a incapacidade e desinteresse estatal de lidar com a
crise. A superlotação, as rivalidades entre os detentos, a
formação de organizações criminosas, a violência policial e a
política de estado opressora intensificaram de tal maneira a
violência dentro dos presídios maranhenses que transgrediu os
muros do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, levando a atentados a
ônibus e à morte da menina Ana Clara.
O
notório e recorrente desrespeito aos Direitos Humanos chamou a
atenção internacional para o que ocorre no Maranhão. Órgãos
como a Organização das Nações Unidas (ONU), Organização dos
Estados Americanos (OEA) e Anistia Internacional mostram preocupação
com os acontecimentos nos presídios do estado, reflexo de um
sistema carcerário falido a nível nacional.
Em duas
Assembleias Populares, que aconteceram nos dias 9 e 11 de janeiro de
2014, a sociedade civil se reuniu para entender e pensar a crise de
segurança pública do estado. Foram debatidos os fatores que
levaram ao estopim de uma crise que já se anunciava há muito
tempo. Foi consenso durante as Assembleias que o problema não é de
hoje, e que vem de uma cultura meramente punitiva, de uma política
estatal de segregação e extermínio da população negra e pobre.
Fruto deste debate democrático, seguem alguns pontos considerados
os principais responsáveis pela Crise do Sistema Carcerário do
Maranhão e as possíveis medidas para resolvê-la:
1.
"Desmilitarização" de Pedrinhas
Em um
ambiente insalubre e violento por definição, como são os
presídios maranhenses, é necessário atuar no sentido do
distensionamento. A militarização de Pedrinhas demonstra que o
governo do Maranhão utiliza a segurança pública como meio de
repressão. A violência é posta como forma de atuação legítima
da polícia dentro dos presídios, são inúmeras as denúncias de
espancamento e tortura. As visitas dos familiares foram proibidas. A
revista diária às celas é executada com agressividade, e retira
dos detentos até ventiladores e fogões, objetos basilares para a
sobrevivência em um local superlotado e onde a alimentação vem
estragada ou contaminada com água sanitária. As consequências são
a resposta violenta das organizações atuantes dentro e fora do
Complexo Penitenciário, o pânico da população e o distanciamento
da solução.
2.
Força Tarefa de Revisão Prisional: Fim da Superlotação
através de revisão dos processos de todos os presos, aplicação
de medidas penais alternativas, como o monitoramento eletrônico e
prisão domiciliar
Tornou-se
hábito esquecer pessoas dentro dos presídios maranhenses: não há
respeito aos prazos estipulados pela lei, razão pela qual mais da
metade dos detentos de Pedrinhas são presos provisórios, ainda não
foram julgados, e seguem encarcerados ilegalmente. Outros já
cumpriram sua pena integralmente, mas ainda se encontram presos, ou
já possuem todos os requisitos para ter progredido de regime e
ainda permanecem no regime mais severo.
A
Assembleia Popular entende esta situação inaceitável exige a
diminuição da superlotação dos presídios, sendo necessário uma
Força Tarefa dos órgãos da Justiça para fazer revisão
processual de todos os processos, a fim de analisar-se a real
situação de cada encarcerado. Convocamos a participação da
Defensoria Pública do Estado e do Ministério Público. E que
Judiciário passe a adotar medidas alternativas, como o
monitoramento eletrônico e a prisão domiciliar (nos casos em que
não houver estabelecimento que atenda às exigências da Lei de
Execuções Penais, evitando assim o cumprimento de pena em regime
mais gravoso).
3. Fim do Regime de Urgência no Sistema Prisional
Esse é
um problema que muita gente desconhecia. O Regime de Urgência
permite que empresas sejam contratadas pelo estado sem licitação,
o que permitiu por exemplo que o Complexo Penitenciário de
Pedrinhas fosse administrado por uma empresa terceirizada
(Atlântica Segurança Técnica) que tem como representante oficial
um sócio do marido da governadora em outra empresa (Pousada dos
Lençóis Empreendimentos Turísticos). Conforme reportagem do
Estadão, os gastos com tal empresa foram duplicados recentemente.
Em nome dos princípios constitucionais da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência da
administração pública, a Assembleia Popular entendeu que o Regime
de Urgência deve ser encerrado no Sistema Prisional maranhense.
Deste
modo, haja vista a incompetência e desinteresse do governo
estadual, a Assembleia Popular apoia a Intervenção Federal na
segurança pública do Estado do Maranhão.
4.
Descentralização do Sistema Prisional: nenhum presídio a mais em
São Luís
Um dos
principais geradores do conflito dentro do Complexo Penitenciário
de Pedrinhas é a disputa entre presos da Capital versus
presos do Interior, consequência direta da superlotação. A
Assembleia Popular entende não ser cabível a construção de mais
um presídio na capital Maranhense, e sim, que sejam construídos
presídios de pequeno porte no interior do estado, a fim de
descentralizar o local de cumprimento de pena, diminuir a população
de Pedrinhas e permitir que os detentos cumpram suas penas próximos
de suas famílias.
5.
Através de suas mídias, a família Sarney levou desinformação
A
Assembleia Popular crê que é importante pontuar a
irresponsabilidades dos veículos de informação que estão à
serviços da oligarquia Sarney. A família utilizou-se do impresso,
do rádio e da TV (concessões públicas) e de vários sites para
espalhar as maiores mentiras já ouvidas acerca de uma crise no
sistema penitenciário. A família Sarney buscou iludir o imaginário
coletivo com ideias de segurança, tranquilidade e confiança no
trabalho dos poderosos que, até então, mostram-se indispostos,
incapacitados e irresponsáveis diante da crise que afeta a dinâmica
de uma capital como São Luís. As ferramentas de comunicação
controladas pela oligarquia Sarney demonstraram claramente estar à
serviço da manutenção do poder do grupo em voga. Esta mídia não
tem compromisso com o social, muito pelo contrário, atua à favor
dos que têm oprimido as classes mais baixas, ignorando suas
demandas, legislando trabalhando em prol do bem estar de uma classe
mais restrita.
6. O
impacto da crise na mobilidade urbana
Devido à
crise de violência em São Luís, as empresas responsáveis pelo
transporte coletivo da capital estabeleceram uma espécie de toque
de recolher: determina uma hora para encerrar a circulação de
ônibus pela capital. A Assembleia Popular entendeu que isso
prejudica milhares de pessoas que precisam do transporte diariamente
e precisa ser revogado. Não pode empresas determinarem a hora que
uma pessoa deve sair e voltar para casa.Além disso, as empresas de
transporte revelaram mais uma vez seu compromisso com os lucros e
não com o serviço público que deveriam prestar. A lógica
mercadológica permanece colocando em risco todos os dias os nossos
direitos e, em momentos de crise como essa, colocando em risco
nossas próprias vidas. Entendemos que isso fere o direito de
ir vir de qualquer pessoa- logo, nosso direito à cidade-, e que uma
crise de violência por si só não pode fundamentar uma violação
gravíssima a liberdade de locomoção.
7.Genocídio
de Juventude/Povo Negro
Em 2012
havia 550 mil presos no Brasil, e, no Maranhão, 5,5 mil, é
importante notar tal contingente populacional é composto em sua
maioria por jovens negros. No Complexo Prisional de Pedrinhas as
condições sub-humanas a população é exposta podem facilmente
ser descritas como atos de genocídio.
O número
de mortos é crescente para jovens negros no Brasil, alcançando
35,9% dos casos de homicídio. É importante evidenciar o extermínio
que vem acontecendo no Maranhão, sobretudo em Pedrinhas que afeta
uma clivagem específica da sociedade: pretos e pobres. As
notificações midiáticas contextualizadas por teorias racistas e
que insistem em criminalizar somente uma parte do problema, cegando
ou tentando vendar os olhos do público maranhense para um mal
social que é fruto de uma irresponsável e discriminatória
administração.
8.
Implosão da Nova Tragédia Anunciada
Em uma
Casa de Detenção que abrigava 7200 homens, 111 foram assassinados
pelo estado. Todos conhecem a história do Carandiru. No Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, que abriga 2200 homens, 61 foram
assassinados. O Carandiru passava por problemas similares aos de
Pedrinhas: superlotação, má administração, massacres violentos
e violações constantes à dignidade da pessoa humana. Pedrinhas já
é o novo Carandiru. Proporcionalmente, a tragédia maranhense já é
muito maior, e ainda não tem previsão para acabar. A diferença é
que, enquanto o Massacre do Carandiru foi um evento desastroso
específico e violento, sendo reconhecido por todos como tal; o
Massacre de Pedrinhas é violento, gradual e contínuo e vem sendo
negado pelo governo estadual sob a alegação de que a crise é
apenas um reflexo da situação nacional e acredita que tudo se
resume à disputa pelo poder. O que se percebe pelas ações do
estado através da polícia é uma crescente opressão, a qual,
inevitavelmente, será respondida com violência. É previsível que
este jogo de oprimir para gerar reação poderá ser usado para
justificar mais um massacre do estado contra aqueles que por lei
estão sob sua custódia.
9.
Responsabilização de Roseana pela atual crise
São
fatores e personagens responsáveis pela atual crise na segurança
pública do Estado do Maranhão: a omissão do governo estadual do
Maranhão em reestruturar o sistema carcerário decadente e
ineficaz, aliada às ações repressivas lideradas pela governadora
Roseana Sarney e seu secretário de segurança/guarda-costas Aluísio
Mendes, com o escopo de militarizar o Complexo Penitenciário de
Pedrinhas e a desconsideração proposital da existência das
organizações referidas por pelo menos 10 anos, além do Coronel
Ivaldo, quando explodiu a Crise do Sistema Penitenciário.
Enquanto
as cabeças dos apenados são cortadas diariamente no presídio e os
cidadãos vivem em clima de medo nas ruas, o cabeça da Secretaria
de Segurança Pública continua, “inexplicavelmente”, em seu
posto e as principais preocupações da governadora Roseana, além
das disputas eleitorais de outubro, se referem ao cardápio refinado
de suas residências oficiais, que incluem muita Lagosta, caviar e
semelhantes.
Mais do
que uma crise pontual na segurança pública, a situação do
Maranhão é um reflexo de um modo político instaurado há décadas
no estado, onde os interesses pessoais e disputas pela manutenção
do poder têm prevalecido sobre os interesses e necessidades
coletivas do povo maranhense.
É
necessário reconhecer a crise para tentar superá-la.
A
responsabilidade é sim do governo e de todos os que tem apoiado a
manutenção deste nefasto sistema político.
ASSEMBLEIA
POPULAR DE SÃO LUÍS/MA
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
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